5.9.13

Um convite de Jorge Rodrigues

TUDO A SAMBAR, DEPOIS DE TCHAIKOVSKY!

Paulo, creio que já me conheces bem, e saberás que não sou muito de grandes entusiasmos.
Tenho, no entanto, andado a passar estes últimos dias em grande alegria musical, pois deu-me para seguir as apresentações em Portugal da Orquestra Municipal de Campos - Mariuccia Iacovino, que foi fundada há 16 anos dentro dos moldes do “El Sistema” venezuelano, e que é hoje considerada o melhor exemplo de inclusão social através da música no Brasil. Basta dizer que mantém presentemente em actividade cerca de 1800 crianças dentro de um projecto intitulado “Orquestrando a Vida”, que inclui bandas, coros infantis e vários grupos orquestrais.
Esta Orquestra já se apresentou em importantes teatros da América do Sul e dos Estados Unidos da América (Carnegie Hall de Nova York), por vezes ao lado de intérpretes como Yo-Yo Ma, Lang Lang, Itzhak Perlman, que manifestaram enorme entusiasmo com o trabalho e a energia destes jovens provenientes de comunidades carentes. Em 2011 inaugurou as comemorações dos 102 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizando, sob a direcção do maestro Gustavo Dudamel, um concerto em homenagem ao maestro José Antonio Abreu, fundador do “El Sistema” e da Orquestra Simon Bolívar na Venezuela.
Esta digressão a Portugal assinala a estreia da Orquestra Municipal de Campos - Mariuccia Iacovino na Europa. Os seus músicos, sempre dirigidos pelo Maestro Luís Maurício Carneiro, estrearam-se na Europa em Amarante no dia 31 de Agosto. Foram no dia seguinte para o Palácio de Mateus, em Vila Real, seguiram para Coimbra no dia 2, e depois para a Figueira da Foz, onde actuaram a 3.
Lisboa teve oportunidade de os ver e ouvir hoje, 4 de Setembro, no Conservatório Nacional de Lisboa. No dia 6 tocam no Rossio de Azeitão, às 21 e 30, e despedem-se em Lisboa e do nosso país na sala do Teatro Nacional de São Carlos no dia 7 de Setembro às 18 e 30.
O esquema é simples e eficaz. Os concertos iniciam-se sempre com duas obras do repertório chamado erudito. Os músicos entram com uma postura solene, de smoking eles, de vestido escuro elas, e tocam então os “clássicos”, que podem ir de Mozart a Tchaikovsky. Depois irrompe o Brasil profundo, com as suas danças, os seus ritmos, a sua contagiante energia.
Estive presente nos concertos de Amarante, da Casa de Mateus e do Conservatório Nacional de Lisboa. Asseguro-te que ninguém ficou indiferente. No fim todos dançávamos o samba.
E lá estarei de novo em São Carlos no dia 7.
É um espectáculo divertidíssimo, que alia a boa música à desbunda total. Gostaria de te ver por lá.
Deixo-te algumas imagens captadas na Casa de Mateus, para poderes assistir à loucura.

Jorge Rodrigues