28.12.11

Todas diferentes

O tempo delas voltou e, se as quiser ver, a melhor opção é fazer-se ao caminho em direcção ao Norte. É no Porto e no Minho que elas são mais vistosas. Agasalhe-se bem. Como pode verificar a seguir, elas gostam do frio. E gostam também de conversar umas com as outras e de formar belos tapetes quando caem.











20.12.11

O Vinho da Festa de São Martinho

Até dá vontade de ir já a Madrid para ver o resultado ao vivo. Elisa Mora conta como decorreu o processo de restauro do quadro de Bruegel, o Velho. Um trabalho fascinante.

Magnificat em Talha Dourada



Hoje, às 21h00, concerto de encerramento das comemorações dos 300 Anos da Igreja do Menino Deus. 
Magnificat em Talha Dourada, de Eurico Carrapatoso, pelo Grupo Vocal e Instrumental Olisipo.
ENTRADA LIVRE
IGREJA DO MENINO DEUS - Largo do Menino Deus - LISBOA

Transportes: eléctricos 12 e 28 e autocarro 37 (Praça da Figueira/Castelo)
Estacionamento: Parque público no Largo das Portas do Sol
APOIO: Patriarcado de Lisboa, Congregação de São José de Cluny, Solar do Castelo/Hotéis Heritage Lisboa, Palácio Belmonte, URBANOS - Division of Fine Arts

17.12.11

Depois de Guimarães, Lisboa


A corrida aos bilhetes foi grande e a organização decidiu repetir o concerto de apresentação da Fundação Orquestra Estúdio (FOE) no dia seguinte. A expectativa também não era pequena: a orquestra, composta por músicos muito jovens, é um projecto de Guimarães 2012 e Elisabete Matos voltava a cantar no Centro Cultural Vila Flor. Quis a força do destino que Elisabete adoecesse no dia 14 e não pudesse participar no primeiro concerto.
Assim sendo, a FOE inaugurou com aberturas de Verdi, o prelúdio do I acto de "Tristan und Isolde" e Danças Polovtsianas de Borodin, com o coro do Teatro Nacional de São Carlos. Como extra, Rui Massena e a orquestra ofereceram ao público o hino do Vitória.
No Centro Cultural Vila Flor, antes do concerto
Felizmente para os vimaranenses, Elisabete recuperou e pôde cantar no dia 15, embora já sem o acompanhamento do coro. E que concerto! Não será demais exaltar as qualidades vocais de Elisabete Matos, que mostrou mais uma vez como é que se canta Lady Macbeth, Amelia, Turandot, Margherita, Elisabeth... Um estrondoso festival de árias, magnificamente interpretadas, que deixou o público completamente arrebatado desde a leitura da carta em "Macbeth" até Meine Lippen, sie küssen so heiss.

O próximo capítulo chama-se Lisboa. No dia 1 de Janeiro
, às 18h00, haverá concerto de Ano Novo no Teatro de São Carlos. Poderemos ouvir árias de ópera, opereta e zarzuela, para animar a entrada em 2012.

ADENDA (Bilhetes à venda):
Direcção musical: Miquel Ortega
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Orquestra Sinfónica Portuguesa
· MANON LESCAUT · TURANDOT · DIE FLEDERMAUS · LA FORZA DEL DESTINO · LA GRAN VÍA · LA REVOLTOSA · LA TEMPRANICA · LADY MACBETH · GIUDITTA ·

13.12.11

Guimarães 2012


À atenção das gentes do Norte: amanhã, 14 de Dezembro, às 10 da noite, concerto inaugural da Fundação Orquestra Estúdio no Centro Cultural Vila Flor, com a participação de Elisabete Matos, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e do maestro Rui Massena.


Do programa constam árias de óperas de Verdi (Macbeth e Un Ballo in Maschera), Puccini (Turandot e Edgar), Boito (Mefistofele), Wagner (Tannhäuser e Tristan und Isolde) e Lehár (Giuditta).

8.12.11

Grande Waltraud

Como Isolde, na encenação de Patrice Chéreau para o Teatro alla Scala
(a imagem já não sei de onde veio)

Numa entrevista publicada há já alguns meses, Waltraud Meier disse o que tinha de ser dito.
Excertos escolhidos, abreviados e em tradução rápida e livre:

Die Welt: Possui uma presença cénica e doseia os gestos de tal modo que, muitas vezes, um simples olhar diz muito mais que um movimento largo.
Waltraud Meier: Isso vem-me do pensamento. O pensamento comanda o corpo. É um processo consciente, uma observação. Os Americanos chamam-lhe "awareness". E depende sempre da situação: o que recebo dos colegas, do cenário, do maestro, das luzes, do guarda-roupa, etc. Trata-se de repensar o texto e dizê-lo fresco. Fico muitas vezes surpreendida pelo modo como o ponho em prática.
(...)
Aprendi muito com grandes encenadores como Klaus-Michael Grüber. Uma revelação foi não antecipar as emoções (...). Há uma outra escola, segundo a qual devemos antecipá-las, de que me afastei porque o espectador precisa de tempo para perceber. Veja-se o exemplo das longas frases de Wagner: só no final, quando chega o verbo, é que se entende o significado da frase. É incompreensível que reajamos cedo de mais a certas palavras-chave.
(...)

DW: É a melhor encenadora de si própria?
WM: Não. De modo nenhum. Fico apenas triste quando não tenho quem me ajude. Gosto muito de trabalhar com Patrice Chéreau. Com ele surge uma arte intemporal, porque ele parte do texto e da psicologia das personagens - para mim, o essencial.

DW: Após épocas tão diferentes como as dos castrati, das divas, dos compositores, dos maestros, reclama-se agora contra o Regietheater ("teatro de encenador"). Em que ponto está a Ópera actualmente?
WM: Quando me falam hoje de Regietheater apanho uma fúria. Sou do tempo do Regietheater, que nasceu há uns trinta ou trinta e cinco anos com pessoas como Götz Friedrich e outros. Isso era Regietheater! O que vemos actualmente nos palcos não merece esse nome. Já há pouquíssima gente com a preparação suficiente para esse trabalho. Encenar é mais que ter umas quantas fantasias sobre uma peça. É analisar a música, compreender a filosofia, investigar a psicologia. Uma mão-cheia de imagens espectaculares para enfeitiçar não me chega. Esta arbitrariedade pós-moderna desperta no público apenas tédio. O que vemos actualmente nos palcos são clichés novos a substituírem clichés antigos.

DW: Do que sente mais a falta na Ópera, actualmente?
WM: Da seriedade, da profundidade. E de sensações fortes. Pense no grandioso Anel do Nibelungo de Harry Kupfer em Bayreuth, com as suas imagens intensas, em que os elementos da obra de arte total estão interligados. Hoje, pelo contrário, muito do que se faz é apenas banal, superficial, kitsch moderno.
(...)

DW: Em que mudou a audição musical?
WM: As pessoas que nos ouvem já só raramente cantam ou tocam um instrumento. Ajuda muito saber como se produz um som, daí ser tão importante a educação musical. Repare: de que falam as pessoas depois da Ópera? Apenas do que viram. Já quase não falam do que ouviram. Esta sobrevalorização do elemento visual é incrivelmente patética!
(...)

Waltraud Meier como Kundry, na encenação de "Parsifal" por Harry Kupfer:

5.12.11

"Turandot" on ice

Estreou há dias em Munique uma nova produção de "Turandot". A acção passa-se em 2046. A China comprou a dívida europeia e cobra agora os juros. A Europa encontra-se completamente dominada pela cultura da nova super-potência. Assustador? É a visão de Carlus Padrissa (La Fura dels Baus).


29.11.11

Sonatas de Freitas Branco

Branco's Laudable But Overlooked Sonatas


A propósito deste novo disco com a gravação das sonatas para violino e piano de Luís de Freitas Branco, diz Bob McQuiston no sítio da NPR music:
Francophile romantics, and fans of violin sonatas, will discover a pleasant surprise in this new album of music by Luis de Freitas Branco, a Portuguese composer, teacher, musicologist and critic.
(...)
An intriguing bipolar theme that soars skywards, only to fall back to earth, dominates the final allegro [da Sonata Nº 2]. This is an inventive sonata form movement with a peremptory coda ending a work, which arguably ranks with the best chamber music of the period.
Podemos ouvir aqui um excerto da gravação: Allegro da Sonata Nº 2, por Carlos Damas e Anna Tomasik.
E o Allegro con fuoco da Sonata Nº 1:

23.11.11

Montserrat Figueras ha mort


Ouvi pela primeira vez Montserrat Figueras na biblioteca da Academia das Ciências, já lá hão-de ir perto de vinte anos. Eram as Jornadas de Música Antiga da Gulbenkian e Jordi Savall apresentava um programa de "Madrigais Guerreiros e Amorosos", de Monteverdi, onde sobressaiu este Lamento della Ninfa.


Voltei a ouvir a sua voz peculiar noutras ocasiões, das quais recordo especialmente um concerto no refeitório do Mosteiro dos Jerónimos em que a sua voz descia das alturas, não se percebia bem de onde.
Montserrat Figueras partiu hoje.

22.11.11

A Perspectiva das Coisas

Felizmente há Gulbenkian!



É graças ao seu prestígio e às boas relações que mantém com os museus mais importantes do Mundo que podemos ver em Lisboa esta imperdível exposição: A Natureza-Morta na Europa (Séculos XIX-XX [1840-1955]). Só até 8 de Janeiro. Até um não-apaixonado do género se rende à qualidade das obras apresentadas.
Vá admirar a arte de alguns dos pintores mais representativos dos dois últimos séculos, vinda de museus como o MoMA e o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, o Petit Palais e o Musée d'Orsay, de Paris, ou o Museo Thyssen-Bornemisza, de Madrid, de onde nos chega este Vaso Azul com Flores de Vlaminck:


E não se esqueça de procurar as Flores numa Jarra de Cristal, uma preciosidade de Manet que vem da National Gallery of Art de Washington.

21.11.11

Reformulemos

Quem diz que a Antena 2 é um canal generalista, segundo o Público, é Miguel Relvas. Diz ainda o ministro que as rádios públicas vão ser reformuladas. Veremos como.

18.11.11

17.11.11

In bocca al lupo

Um pequeno excerto do dueto de amor de "Tristan und Isolde", no dia em que Elisabete Matos canta Abigaille, de "Nabucco", no Met. Muitos toi toi tois daqui para Nova Iorque.

16.11.11

Dedos Abençoados

Os dedos abençoados de Artur Pizarro voltaram a encantar-nos, ontem à noite, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, com um programa composto por duas obras que homenageiam a pintura: "Goyescas" (1911), de Granados, e "Quadros de uma Exposição" (1874), de Mussorgsky. Mussorgsky compôs a sua suite após ter visitado uma exposição de desenhos e aguarelas de Viktor Hartmann.

(do programa de sala [pdf])
Pizarro esteve sublime no modo como interpretou as várias emoções da Promenade que nos vai levando pela exposição, guiando-nos entre os vários quadros, separando-os e ligando-os. Il vecchio castello, o segundo quadro, é um dos momentos mais belos da suite e foi magistralmente tocado, com uma enorme leveza e uma sensibilidade tocante. E as notas vigorosas de A grande porta de Kiev só não ressoam ainda na Avenida de Berna porque se lhe seguiram quatro encores quatro (Rachmaninov e Piazzolla). Bravíssimo, Pizarro!

Granados compôs as suas "Goyescas" há cem anos, inspirado pelas obras de Goya que vira no Prado. A sua suite, ao contrário da de Mussorgsky, refere-se mais a ambientes que a quadros específicos. O título do penúltimo "quadro", El amor y la muerte, lembra este capricho e é um dos meus preferidos.



Só foi pena os tossideiros de serviço terem estado tão atiçados e decididos a darem cabo dos nervos a Pizarro e a quem queria ouvi-lo. Se o público não fosse tão diferente do da noite anterior (ver Garden of Philodemus e Fanáticos da Ópera), até poderíamos pensar que tinha havido um surto de tuberculose em Lisboa de um dia para o outro.

Adenda: Entretanto, um pouco de Piazzolla e Quadros de Uma Exposição, tal como Artur Pizarro os tocou ontem na Gulbenkian :



14.11.11

Parabéns, Raquel Camarinha

Visitando o sítio da nova WEB Rádio - Antena 2 Ópera (via Outras Escritas), deparei com mais uma excelente notícia que já tem um mês: Raquel Camarinha, vencedora do Concurso de Canto Luísa Todi com Carlos Cardoso, recebeu em Outubro o primeiro prémio no Concurso e Festival de Ópera Armel 2011, na Hungria.

Raquel Camarinha e Wassyl Slipak

Ei-la, na final, cantando Aux langueurs d'Apollon, Daphné se refusa, da ópera "Platée", de Rameau:

13.11.11

Sozinho no Outono


Der Einsame im Herbst (Parte II de "Das Lied von der Erde")

Herbstnebel wallen bläulich überm See;
vom Reif bezogen stehen alle Gräser;
man meint', ein Künstler habe Staub vom Jade
über die feinen Blüten ausgestreut.

Der süße Duft der Blumen ist verflogen;
ein kalter Wind beugt ihre Stengel nieder.
Bald werden die verwelkten, goldnen Blätter
der Lotosblüten auf dem Wasser zieh'n.

Mein Herz ist müde.
Meine kleine Lampe erlosch mit Knistern;
es gemahnt mich an den Schlaf.
Ich komm zu dir, traute Ruhestätte!
Ja, gib mir Ruh, ich hab Erquickung not!

Ich weine viel in meinen Einsamkeiten.
Der Herbst in meinem Herzen währt zu lange.
Sonne der Liebe, willst du nie mehr scheinen,
um meine bittern Tränen mild aufzutrocknen?
 
A névoa azulada de Outono flutua sobre o lago;
cobrindo de geada cada lâmina de relva;
dir-se-ia que um artista espalhou pó de jade
sobre as delicadas florações.

O doce perfume das flores desvaneceu-se;
um vento frio curva as suas hastes.
Em breve, as murchas folhas douradas
das flores de lótus, partirão nas águas.

O meu coração está cansado.
A minha pequena lâmpada extinguiu-se com um estalo;
convencendo-me a dormir.
Venho até ti, caro lugar de repouso!
Sim, dá-me descanso, necessito de conforto!

Choro muito na minha solidão.
O Outono prolonga-se demasiado no meu coração.
Sol do amor, não voltarás tu a brilhar,
e as minhas lágrimas amargas ternamente secar?

(Tradução de Ofélia Ribeiro, num programa de sala da Gulbenkian)

12.11.11

A semana na Gulbenkian

Algumas propostas da Gulbenkian para a próxima semana:
Grigory Sokolov, no Domingo.
Philippe Jaroussky, na segunda-feira.
Artur Pizarro, na terça-feira.
Joana Carneiro, quinta e sexta-feira.

Uma das obras que Pizarro vai tocar é "Goyescas", de Enrique Granados.


E Jaroussky cantará Vedrò con mio diletto, o que fará as delícias da Io.

11.11.11

Un peu grise


A palavra a Glória Saraiva:


O Povo diz:
"Verão de São Martinho são três dias e mais um bocadinho",
relembrando o milagre que aconteceu depois de São Martinho ter socorrido um mendigo enregelado, cortando com a espada a sua capa em duas metades; o sol então terá brilhado como se o Verão tivesse retornado.
Diz ainda o Povo:
"Pelo São Martinho, castanhas assadas, pão e vinho".
Assim se assam castanhas, bebe-se jeropiga ou água-pé, e que melhor, num Magusto, do que a música para nossas tristezas espantar?
Aqui vos deixo a magnífica Elisabete, na interpretação da arietta da opereta "La Périchole", de Offenbach, que foi propositadamente embebedada:
Ah quel dîner je viens de faire

Ah! quel dîner je viens de faire!
Et quel vin extraordinaire!
J'en ai tant bu, mais tant tant tant,
Que je crois bien que maintenant
Je suis un peu grise. Mais chut!
Faut pas qu'on le dise! Chut!

Si ma parole est un peu vague.
Si tout en marchant je zigzague,
Et si mon oeil est égrillard.
Il ne faut s'en étonner, car...
Je suis un peu grise, mais chut!
Faut pas qu'on le dise! Chut!


La Brava Matos, que há poucas semanas cantou em São Carlos Élisabeth de Valois em "Don Carlo", de Verdi, com estrondoso êxito, soma e segue numa carreira cada vez mais internacional e reconhecida.
Pela segunda vez, e após a sua estreia com "La Fanciulla del West" há quase um ano, voltará a pisar as sagradas tábuas do Met de Nova Iorque, já no próximo dia 17 às 7:30 pm. Por cá, estaremos com cinco horas de avanço.

10.11.11

Nocturno

A Lua está cheia e a pedir este Nocturno de António Fragoso, tal como Artur Pizarro o interpretou no CCB há coisa de um ano.

O regresso de Juanita Castro

Tal como prometido, aqui fica a notícia: Miguel Loureiro repõe "Juanita Castro", em data única, com Álvaro Correia, Luz Câmara, Patrícia Andrade, Luísa Brandão e Gonçalo Ferreira de Almeida. É amanhã, 11 de Novembro, na LX Factory.


As Bétulas de Klimt

Foi redescoberta uma pintura de Gustav Klimt que tinha sido adquirida numa exposição em Düsseldorf em 1902 e nunca mais fora mostrada ao público, tendo-se mantido na posse da mesma família até agora. Vai ser leiloada pela Sotheby's.

Margem do lago com bétulas, de Gustav Klimt (1901)
Seeufer mit Birken (Lakeshore with Birches) was executed whilst Klimt was on holiday on the Attersee in the Viennese countryside, where the artist would escape to from the city every summer from 1899. On these rural retreats he would recover from the strain of complex and demanding commissions and would spend his time rowing and rambling amidst the woods by the lakeshore, absorbing the Attersee into his art. This tranquil holiday was particularly needed in 1901 after the storm whipped up in Vienna by his painting Medicine, the sexual symbolism of which shocked the public when it was displayed at the X Secession Exhibition that spring.
(via artdaily.org)

2.11.11

Siegfried - A Máquina


Cena final d'A Valquíria

A máquina voltou a fazer das suas.

(...) At the performance on Tuesday night a malfunction prevented the set from creating the proper configuration for the final scene between the title character and Brünnhilde, when Siegfried awakens her from sleep amid perpetual fire around her and they sing a love duet, the Met said in a statement.
The singers, Jay Hunter Morris and Deborah Voigt, performed the scene in an area at the front of the stage. (...)

1.11.11

What a day, what a day, for an autodafe!




DR. VOLTAIRE.  After the earthquake which destroyed three-quarters of Lisbon, the Holy Inquisition discovered an infallible remedy for preventing such disasters in future.  And the remedy?  To purge the city of its heretics in a splendid auto da fe for the Glory of God and the edification of the general public.

(As he speaks, on the large un­curtained stage, we see the public square in Lisbon.  There is a raised dais for the Grand Inquisitor and his attendant judges.  A gibbet and a whipping post.  Two heretics in tall penitente hoods, kneel before the dais.  The populace is excitedly milling around and singing:)

ONE GROUP.
What a day, what a day,
For an autodafe!
What a sunny summer sky!
What a day, what a day,
For an autodafe!
It's a lovely day for drinking
And for watching people die!
What a perfect day to be a money lender!
Or a tradesman, or a merchant or a vendor!
At a good exciting lynching
People stop their penny pinching
And the tightest fellow turns into a spender!

  SECOND GROUP. 
  What a day, what a day,
  For an autodafe!
  What a lovely day to die!
  Tourist trade, tourist trade,
  Will be coning our way!  
  It’s a bonnie day for business,
  Better raise the prices high!
  For an inquisition day this is a wonder!
  Not a raindrop, not a cloud or sound of thunder!
  So we’ll gaily get polluted
  Watching sinners executed!
  It’s a perfect bit of weather to  get under!
(daqui)

(Voltaire e Lisboa - Candide)


28.10.11

O novo Siegfried do Met

Estreou ontem, com Fabio Luisi no lugar de James Levine e Jay Hunter Morris em vez de Gary Lake em vez de Ben Heppner. No dia 5 de Novembro estará no ecrã da Gulbenkian.
(Anthony Tommasini - The New York Times)
(James Jorden - New York Post)



O Grande




O Bolshoi reabre hoje com grande pompa após seis anos de obras de restauro que lhe devolveram o aspecto que tinha aquando da reconstrução em 1856, segundo El País. A gala será transmitida pelo ARTE e pelo ARTE Live Web a partir das 19h40. Lá estarão Angela Gheorghiu, Plácido Domingo, Dmitri Hvorostovsky, Natalie Dessay, Violeta Urmana e as estrelas e o corpo de baile do Teatro Bolshoi.



El País)

O Anel em ponto pequeno

Das Rheingold (Ring Saga)

O ARTE Live Web dá-lhe 154 dias para ver O Anel do Nibelungo em versão abreviada para dezoito músicos e nove horas (Ring Saga), segundo a concepção de Graham Vick e Jonathan Dove. Essa versão foi apresentada pelo Remix Ensemble Casa da Música no Porto e em Estrasburgo, onde foi filmada, com a direcção musical de Peter Rundel.
Quem achar que O Anel é longo tem aqui a oportunidade de o ouver em pouco mais de metade da sua duração. Um Anelzinho, vá.

Cortes #3

Comunicado do OPART aos órgãos de Comunicação Social:


















































(via)

26.10.11

La Nave Va na Igreja do Menino Deus


A Igreja do Menino Deus comemora os 300 anos do lançamento da primeira pedra e no próximo dia 4 de Novembro oferece-nos um concerto pelo ensemble barroco La Nave Va, às 9 da noite, com o seguinte programa:

A Música Sacra no tempo de D. João V (Compositores de 1711 a 1750)

João Rodrigues Esteves: “Pinguis est Panis”
J. S. Bach: Ária “Schlummert ein, ihr matten Augen”
G. Ph. Telemann: Cantata “Ihr Völker hört” (Am Feste der heiligen drei Könige)
J. S. Bach: Sonata em Si bemol Maior, BWV 1021,
 Adagio-Vivace-Largo-Presto
João Rodrigues Esteves: “Regina Caeli Laetare”

La Nave Va 
Ensemble Barroco
Maria Luísa Tavares, Mezzo-Soprano
Armando Possante, Barítono
António Carrilho, Flauta de Bisel
Edoardo Sbaffi, Violoncelo
Jenny Silvestre, Cravo

ENTRADA LIVRE
IGREJA DO MENINO DEUS - LARGO DO MENINO DEUS - LISBOA


25.10.11

Cortes #2

Na última récita de "Don Carlo", à porta do Teatro, foram distribuídas ao público cópias do seguinte comunicado:





























E hoje lemos no Público que cortes orçamentais no Organismo de Produção Artística (Opart), empresa que gere o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado (CNB), levam hoje representantes do Sindicato dos Músicos à comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura. Aguardamos o desenvolvimento da situação.

16.10.11

Don Carlo - São Carlos

Para quem ainda não viu, já só sobram três récitas (18, 20 e 23 de Outubro). E se não puder mesmo deslocar-se ao Teatro de São Carlos, terá a possibilidade de ouvir a de dia 18 em directo na Antena 2.

Algumas imagens retiradas do álbum "Don Carlo" (© Alfredo Rocha/TNSC):

Giancarlo Monsalve e a mão de Dimitri Platanias
Dio, che nell'alma infondere

Elisabete Matos (I acto)
Enrico Iori
Il ritratto di Carlo

Elisabete Matos e Enkelejda Shkosa
Rendetemi la croce
Giancarlo Monsalve e Dimitri Platanias
Regnare tu dovevi ed io morir per te


Elisabete Matos e Giancarlo Monsalve (dueto do IV acto)

12.10.11

Cortes #1

Cortes orçamentais de 20% no São Carlos e na CNB (Público)

Opart espera que os cortes afectem apenas a programação e não os salários dos trabalhadores. Depois dos cortes, o orçamento para 2012 deverá ficar nos 14,3 milhões de euros, tendo o anterior atingido os 18 milhões.

Teatro de São Carlos (© Bosc d'Anjou)


Notícias

Alfred Kim
Ontem à noite, no Teatro de São Carlos, o tenor Alfred Kim substituiu Giancarlo Monsalve por motivos de doença. Kim já antes interpretara o papel de Don Carlo em Londres, Oslo e Viena e cantara com Elisabete Matos no Chile ("Tosca").

O Teatro de São Carlos partilhou o álbum de fotografias "Don Carlo" no Facebook.

10.10.11

Viva Verdi

Verdi nasceu há 198 anos. Parabéns.

Non pianger, mia compagna


Tu che le vanità


Final

(Excertos de "Don Carlo" no Teatro Real de Madrid, onde Elisabete Matos se estreou no papel de Elisabetta di Valois)

9.10.11

Finalmente a Estreia


É difícil escrever sobre o que se passou ontem à noite no Teatro de São Carlos, tal é o tamanho da emoção. A emoção de ver e ouvir Elisabete Matos deslumbrante desde a sua entrada em cena, no primeiro dueto com Don Carlos, na romanza em que se despede da Condessa de Aremberg (Non pianger, mia compagna), na cena do III acto com Filipe II, Rodrigo e Eboli, abrindo o IV acto com um Tu che le vanità memorável e terminando-o com um (diz quem sabe) Si natural que parece vir de um outro mundo e que fica a pairar na sala e dentro das nossas cabeças. Ainda aqui está. Tanto a nível vocal como interpretativo, Elisabete foi a Rainha Isabel de Valois.


Felizmente os restantes cantores conferem um bom equilíbrio ao elenco.
Enrico Iori é um grande Filipe II, seguro em todas as cenas, e deu-nos um tocante Ella giammai m'amò, em que Irene Lima brilhou no solo de violoncelo.
O barítono Dimitri Platanias também impressionou como Rodrigo. A voz é muito bonita e ele fraseia muito bem.
Enkelejda Shkosa foi igualmente uma boa escolha para o papel de Princesa Eboli.
A Ayk Martirossian não faltou a autoridade do Grande Inquisidor. Esteve bem no duelo com o rei.
Porém, quem dá o nome à ópera é Carlos de Áustria e Portugal. Giancarlo Monsalve entrou bem mas no II acto começou a ter graves problemas nos agudos. Antes do início do III acto o público foi informado da indisposição do tenor, que ainda assim continuaria em cena até ao final da récita. Foi penoso. O público sofreu com ele cada nota. E foi-o também, certamente, para os restantes cantores, o que nos traz de volta Elisabete Matos. O IV e último acto é deles. É o sublime dueto de despedida, que estava agora naturalmente comprometido. Salvou-o a arte e a classe de Elisabete. Como terá ela conseguido cantar um Tu che le vanità de antologia quando, sabemo-lo, estava em pânico (ela e nós), temendo pelo que viria a seguir?

Dito isto, podemos acrescentar que ontem se assistiu no Teatro de São Carlos a uma récita à antiga, inesquecível, com direito a pateada e tudo. Depois dos muitos aplausos ao coro, aos solistas (também a Giancarlo Monsalve, que pediu desculpas ao público - votos de uma rápida recuperação), à orquestra, ao maestro Martin André, eis que sobe ao palco a equipa do encenador Stephen Langridge, logo brindada com um expectável coro de buuus. Não percebi se ele próprio sabe por que razão actualizou a acção para a década de 1950. Se calhar foi apenas porque sim. Diz Langridge, em entrevista a Jorge Rodrigues publicada no programa de sala: "A história não é irrelevante, mas esta ópera não é sobre história [...] A sua conexão com a realidade é ténue. Consiste apenas nos nomes e numa mescla de mitos que sobre esses nomes se construíram e de que Verdi se serviu para estudar a Humanidade. É por isso que a acção não foi situada no século XVI, pois não é realmente importante." E mais à frente: "Eu quis actualizar. Não quis, porém, fazer com isto uma sátira a um tempo específico. De outro modo, não conservaria o auto-da-fé." E ainda, à pergunta Acha que esta ópera não pode ser compreendida se a acção for passada no século XVI?: "Não, não há problema algum com isso. [...] usámos um método analítico e lógico trabalhando neste Don Carlo. Mas também trabalhamos com o instinto, e avançamos na direcção indicada e desejada pelos sentimentos. Por muito tempo, enquanto trabalhávamos, pensámos que iríamos colocar a acção em 1568. Relativamente tarde, quisemos alterar; foi uma questão de instinto, que agarrámos." Ficámos esclarecidos.

Os restantes papéis estiveram a cargo de Mário Redondo (Monge), Joana Seara (Tebaldo e Uma Voz), Marco Alves dos Santos (Arauto Real) e Bruno Almeida (Conde de Lerma).

(Nota: As fotos foram tiradas durante a fase de ensaios.)

7.10.11

Elisabete de Valois

Elisabete Matos como Élisabeth de Valois
(Nova produção de "Don Carlo" do Teatro de São Carlos)

A não perder: dias 8, 11, 13, 15, 18, 20 (sempre às 20h) e 23 (às 16h) de Outubro.